Em 2017, eis a oitava publicação de Pontis - Práticas de Tradução. Com este número, encerramos o capítulo correspondente às literaturas afro-brasileira e afro-uruguaia, iniciado no número anterior, dedicado ao escritor carioca Jeferson Tenório. Nesta oportunidade, temos o prazer de apresentar o autor uruguaio Jorge Chagas.
Este montevideano, nascido em 1957, é formado em Ciências Políticas, escritor, historiador e jornalista de profusa atividade e longa trajetória. Recebeu muitos prêmios em diferentes concursos literários por romances históricos e ensaios; a obra merecedora de particular destaque ganhou o primeiro prêmio no Concurso Anual de Literatura do Ministério da Educação e da Cultura do Uruguai (MEC) em 2003: Gloria y tormento. A novela de José Leandro Andrade.
De sua vasta obra, selecionamos para traduzir nesta edição:
● um trecho do mencionado romance Glória y tormento, que acrescenta uma dimensão mítica ao nascimento da Maravilha Negra, a primeira estrela afrodescendente do futebol mundial. Tradução de María Noel Melgar e Federico Sörensen;
● “A artiguenha”, fragmento do romance La artigueña. La novela de Soledad Cruz, que se trata de um potente monólogo interior da lanceira de Artigas Soledad Cruz. Tradução de Sebastián Torterola e Graciela Bittencourt;
e dois contos:
● “Festa de bodas”, narrativa sobre o retorno do coronel Ubal y Martínez, depois da guerra, ao casamento da sua única filha. Aromas, imagens e sons lembram o passado, quando conheceu sua esposa, seu único amor, e Robustiana, a criada negra. Tradução de Manuela Pequera e Verónica Machado;
● “As últimas férias”, evocação de um verão especial no Montevidéu da primeira metade do século XX. Tradução de Mayte Gorrostorrazo e Leticia Lorier.
Como habitual em nosso processo de tradução, mais uma vez contamos com a colaboração de universidades brasileiras. Dessa vez, apoiaram, por meio de leituras comentadas das traduções propostas, Cleci Bevilacqua, Liliam Ramos e Karina Lucena, professoras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Magali Pedro, professora da Universidade de Brasília. Agradecemos especialmente o apoio da professora Liliam Ramos, coordenadora do projeto Vozes negras no romance hispano-americano: a narrativa longa do século XIX, que participou da organização deste número e do anterior.
Com o intuito de que conheçam mais um pouco sobre Jorge Chagas e sua obra, publicamos, na seção “Apresentação do autor”, a entrevista, amavelmente concedida, na qual o autor conta um pouco sobre sua paixão pela escrita, o que o inspira na hora de criar e sua visão sobre a existência de uma literatura afrodescendente ou negra, entre outras coisas. A tradução desse texto para o português foi realizada por Mariana Lucía Barros, cantora e compositora bilíngue e colaboradora de nossa revista em diferentes oportunidades.
Na seção “O fazer do tradutor”, apresentamos o artigo “Traduzir a negritude: desafio para os Estudos de Tradução na contemporaneidade”, da pesquisadora Maria Aparecida Andrade Salgueiro, no qual a autora faz observações sobre como se traduz o “ser negro” em diferentes contextos geopolíticos e como a tradução está intimamente vinculada com a construção de identidades e as relações de poder que se estabelecem em cada cultura. A autora enfoca a tradução de obras da diáspora africana, percorrendo os trabalhos de escritoras como a brasileira Carolina Maria de Jesus (1914-1977) e a afro-americana Zora Neale Hurston (1891-1960), passando por diversos postulados teóricos como, por exemplo, os do controverso Marcos Bagno.
Além das gravações habituais dos textos originais e traduzidos, e procurando continuar com o objetivo projetado para este 2017 de ambientar musicalmente um dos contos de cada número, agradecemos especialmente Diana López, que nos oferece uma bela interpretação do relato “La artigueña”, cujo design de som esteve a cargo de Guillermo Ifrán, que, por sua vez, agradece a colaboração de Martín González.
Também é possível desfrutar da versão em português desse texto na voz de Andrea Moll, tradutora juramentada espanhol-português. Estas gravações, junto com os outros áudios dos contos e das suas respectivas traduções do número atual e dos anteriores, estão disponíveis em nosso canal de Youtube. Convidamos a todos que se inscrevam!
As ilustrações para os contos desse número foram realizadas pela artista gaúcha Marina Oliveira. Na “Apresentação do autor”, publicamos o já tradicional retrato do autor, a cargo de Emiliano Santos.
Convidamos a que participem do nosso trabalho, contribuindo com reflexões, perguntas e observações através de espaços disponibilizados em nossa web: na aba “Contato” e na seção para comentários disponível dentro de cada tradução. Com suas contribuições, continuaremos crescendo e chegando cada vez mais longe.
Obrigado por nos acompanhar. Desejamos a todos uma boa leitura.
Integrantes de Pontis.