Apresentamos com muita satisfação o segundo número da revista Pontis, dedicado à autora uruguaia Elaine Mendina (1956), nascida em Artigas, cujas obras foram selecionadas para este número com vistas a dar continuidade à divulgação da literatura feminina — iniciada no primeiro número de Pontis voltado à carioca Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) —, mas agora atual. O terceiro número de Pontis seguirá a linha da difusão da literatura contemporânea, no caso brasileira, em países hispanófonos: os textos selecionados são do escritor brasileiro, gaúcho, Rafael Bán Jacobsen (1981).
Na seção “O fazer do tradutor”, apresentamos o artigo intitulado “Anne Dacier: a candente atualidade de uma partidária dos ‘antigos’”, escrito pela Dra. Alma Bolón, professora titular de Literatura Francesa da Faculdade de Humanidades e Ciências da Educação (Universidad de la República) e professora agregada de Linguística Aplicada da Faculdade de Direito na mesma universidade. Ao tratar, partindo de um panorama histórico, da questão das artes e do ensino relacionados a corrupções de gostos, a professora Bolón afirma que “[…] prossegue a polêmica acerca de qual lugar estipular para a tradição e quanto é desejável ceder ao peso do aqui e agora, ou seja, à imposição do ‘gosto’ que efetiva ou imaginariamente reside no público” e enfatiza a notoriedade das “[…] razões que, negando uma peculiar autoridade ao que a tradição aproxima, se sustentam na primazia do presente, encarnado nos interesses e nas conveniências dos alunos, como se as artes ontem e o ensino hoje deveriam ser o que se ocupa em satisfazer uma demanda prévia e independente do ensinar e do criar”. A tradução ao português do texto da seção “O fazer do tradutor” esteve a cargo de Amanda Duarte Blanco e Mayte Gorrostorrazo.
Na seção referente à apresentação da autora Elaine Mendina, as integrantes de Pontis Leticia Lorier e Verónica Machado, em entrevista com a escritora, indagam sobre sua infância, características gerais de sua produção artística, sua relação com a língua portuguesa e projetos futuros. A artista discorre sobre a influência, na produção de seus relatos fronteiriços, rurais e urbanos, do ar da capital, da avó brasileira e de seu coração na terra de Donostia. Ao ser perguntada sobre a existência de algum interesse especial na tradução de seus textos ao português, a escritora explicita que ser traduzida à mencionada língua é algo muito especial: por ser “um pouco minha língua também, […] além disso, é a única língua na qual posso saber se está bem traduzido, porque leio português com desenvoltura”. A tradução ao português da entrevista à escritora esteve a cargo de Amanda Duarte Blanco. A entrevista, na íntegra, também está publicada no blog da revista.
Apresentada a autora, passemos aos contos selecionados e às traduções propostas:
● “Cana de açúcar”: relato da aventura de dois citadinos na colheita de cana de açúcar no norte do Uruguai. Traduzido por Leticia Lorier e Mayte Gorrostorrazo.
● “Final de conto”: narrativa acerca da amizade de dois escritores e das fantásticas consequências de seu processo criativo. Traduzido por Amanda Duarte Blanco e Manuela Pequera.
● “Genebra”: história sobre a busca de um amor possível. Traduzido por Federico Sörensen e Verónica Machado.
● “Quileiros”: relato sobre a iniciação de um menino na atividade do contrabando. Traduzido por Carla Rapetti e María Noel Melgar.
Neste número, previamente à publicação das traduções, contamos com leituras comentadas de Cleci Bevilacqua e Liliam Ramos, professoras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil); e também com os comentários de Magali Pedro, professora do curso de Tradução em Língua Espanhola da Universidade de Brasília (Brasil) e de seus alunos: Amanda Domiense, Cecília Soares, Donaldo Leal, Eliana Vitório, Heloísa Grandini, Jéssica Paulino de Lima, Paloma Caroline, Paula Nakayama e Pollyana Soares.
No site, todos os textos originais estão dispostos paralelamente a sua tradução, com vistas a facilitar o contraste entre ambos os textos. Dispõem também de espaços abertos destinados a observações acerca das traduções propostas, tanto por parte dos tradutores como dos leitores, o que estimulará o intercâmbio e a aprendizagem; bem como arquivos de áudio em espanhol e português com os textos selecionados. Neste número apresentamos a leitura do texto intitulado “Final de Cuento” e de sua tradução, realizada pelo tradutor público Paulo Baptista.
Continuamos contando com a participação dos leitores, não somente nas discussões sobre as diferentes traduções, como também na divulgação da revista.
Boa leitura!
Integrantes de Pontis
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