Palavra da semana/Palabra de la semana

«Hay que hacerlo esta noche, todo está arreglado y tenemos que aprovechar la noche cerrada, sin luna.» (Pontis 2, «Quileros», de Elaine Mendina).

Tem que ser feito nesta noite, tudo está combinado e temos que aproveitar a noite fechada, sem lua.” (Pontis 2, “Quileiros”, de Elaine Mendina, traduzido por Carla Rapetti e María Noel Melgar).

palavra_da_semanaA palavra dessa semana é “lua”, que, conforme o dicionário Houaiss on-line, tem origem latina: lūna,ae “lua; mês; noite; cartilagens semicirculares da garganta; a garganta” (como de praxe, apresentamos a palavra conforme consta nos dicionários de latim: primeiramente sua forma no caso nominativo, seguida da terminação do caso genitivo logo após a vírgula). Claro fica o fato de “lua” e luna serem vocábulos oriundos da mesma fonte, por questões relativas à semelhança formal entre ambos os vocábulos. Nossa pergunta é: por que houve o desaparecimento do -n- intervocálico em português, tendo em vista sua manutenção em espanhol? Para chegarmos à resposta, nós nos baseamos na obra Gramática Histórica, escrita pelo reconhecido filólogo Ismael Coutinho, publicada no Rio de Janeiro, em 1970, pela Livraria Acadêmica.

Coutinho (1970, p. 115), ensina que, em português , o -n- intervocálico medial nasaliza a vogal anterior com a que está em contato, nasalização que posteriormente desaparece na maioria dos casos. Tanto é assim que, conforme o dicionário Houaiss, registram-se as seguintes formas históricas no século XIII: llũa e lũha; no século XIV: lua; no século XV: lũua. Este fenômeno ocorreu não somente com o vocábulo em questão, mas também com, por exemplo, “ter” (de tenēre), “fresta” (de fenēstra, -ae), “geral” (de generālis, -e), “boa” (bonus, -a, -um), “coroa” (de corōna, -ae) etc. Conforme o estudioso, tal fenômeno ocorreu ao redor do século XI. No entanto, a nasalização do português permanece: i) quando ocorre a fusão da vogal final com a tônica anterior, por serem idênticas ou semelhantes, como em “lã” (de lana, -ae); ii) quando as palavras portuguesas provêm de vocábulos latinos vulgares terminados em ‘anu’, ‘ane’, ‘-ene’, ‘ine’, ‘inu’, ‘-ina’, ‘-one’, como em “grão” (de grānum, -i), “cão” (de canis, is) etc. Nas terminações ‘inu’, ‘ina’, desenvolveu-se a palatal ‘-nh’ para evitar o hiato, de onde ‘inho’ – ‘inha’. A nasalização produzida pelo -n- intervocálico é uma das principais características fonéticas do português, diferentemente do espanhol. Além desses casos, o -n- intervocálico se explica: a) por reconstituição da palavra, seguindo o modelo latino, como em “menos”, “pena”, que, em português arcaico, eram escritos como meos e pea, respectivamente; ou b) por influência literária, como em “diácono”, “cônego”, escritos, em português arcaico, diago e cooigo; c) por introdução culta: “fortuna”, “ameno”, “sereno”, “ruína”.

Amanda Duarte Blanco


«Hay que hacerlo esta noche, todo está arreglado y tenemos que aprovechar la noche cerrada, sin luna.» (Pontis 2, «Quileros», de Elaine Mendina).

Tem que ser feito nesta noite, tudo está combinado e temos que aproveitar a noite fechada, sem lua.” (Pontis 2, “Quileiros”, de Elaine Mendina, traduzido por Carla Rapetti e María Noel Melgar).

La palabra de esta semana es «lua», que, según el diccionario Houaiss online, tiene palavra_da_semanaorigen latino: lūna,ae «lua; mês; noite; cartilagens semicirculares da garganta; a garganta» (como es costumbre, presentamos la palabra como consta en los diccionarios de latín: primero su forma en el caso nominativo, seguida de la terminación del caso genitivo luego de la coma). Es claro el hecho de que lua y «luna» sean vocablos oriundos de la misma fuente, por cuestiones relativas a la semejanza formal entre ambos. Nuestra pregunta es: ¿por qué ocurrió la desaparición de la -n intervocálica en portugués, considerando su mantenimiento en español? Para llegar a la respuesta nos basamos en la obra Gramática Histórica, escrita por el reconocido filólogo Ismael Coutinho, publicada en Rio de Janeiro, en 1970, por la Livraria Acadêmica.

Coutinho (1970, p. 115), enseña que, en portugués, la -n intervocálica medial nasaliza la vocal anterior con la que está en contacto, nasalización que posteriormente desaparece en la mayoría de los casos. Tanto es así que, de acuerdo con el diccionario Houaiss, se registran la siguientes formas históricas en el siglo XIII: llũa e lũha; en el siglo XIV: lua; en el siglo XV: lũua. Este fenómeno ocurrió no solamente con el vocablo en cuestión, sino también, por ejemplo, «ter» (de tenēre), «fresta» (de fenēstra, -ae), «geral» (de generālis, -e), «boa» (bonus, -a, -um), «coroa» (de corōna, -ae), etc. De acuerdo con el estudioso, tal fenómeno sucedió alrededor del siglo XI. Sin embargo, la nasalización del portugués permanece: i) cuando ocurre la fusión de la vocal final con la tónica anterior, por ser indénticas o semejantes, como en «lã» (de lana, -ae); ii) cuando las palabras portuguesas provienen de vocablos latinos vulgares terminados en ‘anu’, ‘ane’, ‘-ene’, ‘ine’, ‘inu’, ‘-ina’, ‘-one’, como en «grão» (de grānum, -i), «cão» (de canis, is), etc. En las terminaciones ‘inu’, ‘ina’, se desarrolló la palatal ‘-nh’ para evitar el hiato, origen de ‘inu’, ‘ina’. La nasalización producida por la -n intervocálica es una de las principales características fonéticas del portugués, a diferencia del español. Además de esos casos, la -n intervocálica se explica: a) por reconstitución de la palabra, siguiendo el modelo latino, como en «menos», «pena», que, en portugués arcaico, eran escritos como meos y pea, respectivamente; o b) por influencia literaria, como en «diácono», «cônego», escritos, en portugués arcaico, diago y cooigo; c) por introducción culta: «fortuna», «ameno», «sereno», «ruína».